terça-feira, janeiro 31, 2006

8 razões porque me sinto velho!

Ora sigam a minha linha de pensamento e vejam se não tenho razão.
Os tipos que este ano entraram para o 1º ano da faculdade nasceram em 1987!
Os miúdos dizem algumas palavras que eu não percebo!
Os cabelos brancos que tenho na cabeça já não dão para ser contados pelos dedos das mãos (e pés).
Tenho uma dor de costas brutal por ter passado o dia a pesar borregos (pior do que os velhotes dos anúncios de televisão)
A minha noção de uma tarde de semana bem passada é estar ás 18h em casa e ficar sem fazer nada a descansar e ver televisão.
Já não tenho vesícula (coisa que em média dá aos jovens de 60 anos)
Já não vejo bem sem óculos.
Passo pelo menos 20 dias do mês sem fazer sexo.(Infelizmente a namorada só dá para ver aos fins-de-semana).

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Os Deuses devem estar loucos!

Provavelmente nem são os deuses que estão loucos, acho que o mais certo é ser o Homem que está louco pois já deu cabo do clima da terra! NEVE LÁ ONDE O CARLOS ANDA, tudo bem pois o lingrinhas precisa de uma desculpa esfarrapada para levar as miúdas para casa. "Ò Nederlandesa de perna ao léu! E que tal irmos para minha casa para eu te mostrar a chauffage do meu quarto?" As miúdas não resistem à chauffage e aos bancos reclináveis, como toda a gente sabe, poranto essa estava no papo!
Agora neve na praia da Figueira da foz?Neve em Lisboa? Neve ao quilómetro 190 da A2? Porra estamos a falar do Algarve! Que o gordo mame com uma avalanche no fundão é bem feita, agora que eu ande a gramar com neve no Algarve é que não é justo!
Esperemos que haja um novo interregno de pelo menos outros 50 anos, até que volte a nevar no Algarve. Pois se neva cá é porque está a nevar em todo o lado! Já se sabe o que acontece a Lisboa quando chove um bocado: Engarrafamentos, a malta deixa de saber conduzir, etc. Agora basta imaginar o cenário de Lisboa com neve e gelo nas estradas e nós de costume sem os meios para lidar com a situação.

sábado, janeiro 28, 2006

Cavaco levou-me a emigrar!

Olá olá Portugal.

Finalmente vamos por a conversa em dia (perdi a cabeça e coloquei 2€ na máquina, o que dá para 1h20minutos). Estão preparados para tamanho testemunho?

Começo por referir-me ao meu amigalhaço Figueiróide em dois assuntos :

1° - tinhas razão quando dizias nos teus "posts" em Viena, de que aqui no estrangeiro, tal como qualquer outro emigra, qualquer coisa de Portugal nos anima logo (bem... tirando o que levou ao título deste "post"); na quarta-feira fui a Utrecht assistir a algo que nunca faria em Portugal - um concerto de fado da Maria de Fátima (quem?!) que é GRANDE aqui na Holanda; embora soubesse tanto acerca dela como sei do ritual de acasalamento dos esquimós, cantou bem e levou-me a cantarolar algumas músicas no meu lugar.

2° - se o Piquets-Palatino tem ciúmes de um gajo que vive com a Caravana, então o que dizer do gajo que andou a dormir com ela no mesmo quarto nas loucas noites no Hospital da FMV?


Bem, estou uma vez mais sentado no mesmo Cyber Café de sempre, mas desta vez com a bexiga mais aliviada. Felizmente posso usar o WC no P.I.F., mas mesmo assim é preciso saber um código alfanumérico de 4 dígitos (para quando a impressão digital ou o exame à retina, ainda não sei...). Enfim, se se estiver mesmo aflito, recordar o código não será tarefa fácil, principalmente enquanto se forma uma poça aos nosso pés.

Todos os dias tento acordar às 5:50. Todos os dias falho o meu objectivo. É complicado conseguir enganar o nosso cérebro e levá-lo a acordar tão cedo, pois tanto ao deitar como ao levantar, o panorama é sempre o mesmo: noite! Consigo no entanto chegar sempre a horas ao trabalho (coisa que até a mim mesmo me surpreende), porque estou na estação de Metro antes das 7:20. Nesta terça feira saí de casa e deparei-me com a bonita temperatura de 4 graus… negativos. E ainda há meninas a sair de saia para a rua (e que belas pernocas têm as holandesas). Se eu fizesse o mesmo, os meus tintins arrepiavam-se de tal forma, que lá se acabavam todas as hipóteses de propagar a espécie (a estatística já não funcionava muito a meu favor, mas com este frio... nunca pensei que o meu Zézinho pudesse ser ainda mais pequenote).

Ao chegar à estação, uma menina tentou fazer-me um inquérito (a estas horas da madrugada?!) em neerlandês. Disse-lhe, em português, que fosse ver se eu estava ali na esquina, e esbocei 1 sorriso amarelo. Aliás, é importante desde logo definir a cara que quero fazer para o resto do dia assim que saio de casa, pois a temperatura que esta fronha linda enfrenta ao sair pela porta, não lhe permite muita maleabilidade para as horas seguintes.

Assim que entro no Metro (caso consiga despachar as distracções a tempo, o.s., miúdas do inquérito) sei que faltam 70 minutos para chegar ao trabalho. E chego lá em 70 minutos (isto se não me perder pelo caminho, mas isso dará azo a outro "post"). E assim, às 8:30 sem falta, entro no P.I.F. de Roterdão. Até os relógios baterem as 10 da manhã, já mamei 2 cafés. Ora para aqueles que me conhecem, sabem que não um apreciador fanático desda bebida, mas o frio que se faz sentir, aliado às horas a que me levanto, levam a que mais cedo ou mais tarde seja conhecido nestas bandas como o "Zézé-Café".

Para espanto de muitos (meu inclusive), passou-se uma semana e ainda não fui despachado desta terra. Sim, é verdade que do holandês percebo muito pouco, mas já digo umas coisas (yaa.... nei... hallo.. e por aí fora). Nesta semana tive 2 reuniões às 9 da manhã, uma que durou 3 horas, com 11 pessoas, e outra que só durou 2 horas, com 14 pessoas. Em comum, estas 2 reuniões só tiveram uma coisa: as únicas palavras que percebi foi quando se disse na reunião
"Hello. My name is Carlos, and I come from Portugal."
De resto, nicles. Era tudo chinês para mim (ou açoreano... não sei bem ao certo, confundo sempre as duas). Mas na segunda reunião, o mulherio teve mais qualidade. Sim!, porque finalmente dei de caras com alguma coisinha de qualidade aqui no "emprego". Já começava a desconfiar que tinha sido enganado quanto ao que me disseram das holandesas (ler o post mais à frente...)!


Há uma moçoila que, áparte de ter duas sobrancelhas que parecem (cada uma delas) o bigode do meu pai (mais aloirado, entenda-se), é engraçadota e simpática. Claro, tem um pouco de pelame, mas até agora (pelo que me deixaram ver) é só acima dos olhos. Namora com um espanhol, por isso arranha o castelhano (e por enquanto é tudo o que arranha). Tenho que ter cuidado para "não cagar a bota" em situações do tipo "Chiiiiça, que belo par!". No entanto, esta veterinária não irá trabalhar comigo por muito tempo (por isso tenho que ser rápido). Mas o melhor ainda estava para vir...

Na segunda reunião, QUE AVIÃO! E não estou a falar daqueles aviões da Lalalair (esta foi para ti, Laradas Boy): falo-vos de um jacto privado, todo artilhado, capaz de nutrir 3 países Africanos! Mais tarde, o destino pregou-me uma partida: o meu orientador vai estar fora na próxima semana, então destacou O AVIÃO para me "orientar" enquanto estivesse fora. E assim foi-me apresentada a moça. Em inglês, entendi que vem da Bélgica, e graças a um amigo meu - que foi aliás também o que me tinha avisado que por estas bandas, as babes andam sempre de fio dental (não vou referir o seu nome, até Porque irIa-Lhe cAuSar problemas... ah!, e por falar nisso, ele tinha razão) - brilhei dizendo "Bgrefsbdleren" (que na língua destes gajos significa "Babe, eu só viajo em primeira classe"). Ela riu-se, e disse qualquer coisa que deve ter significado também qualquer coisa. "Hahaha", que engraçado (pensei eu). "Para a semana falamos melhor...".

Chega o almoço, e brotjes (o.s., sandes)! Se comer outra coisa, sou alvo de chacota. Após o almoço, começa o desmame dos cafés da manhã, por isso toca a pôr mais cafeína no sistema. E depois, é trabalhar. Trabalhar. E trabalhar. Porque aqui não se brinca (nem mesmo ao Solitaire, meus amigos).

O tempo escasseia (já só tenho 5 minutos de net)! Espero que não tenham achado muito cansativo ler este "post", e assim que vier da viagem de AVIÃO da próxima semana, tentarei escrever qualquer coisa (se ainda me restarem forças, ou se não me despenhar).

Dag!

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Separei-me!

É verdade, caros leitores, vou deixar a Inês! Terça feira dia 1 vou dar uma nova direcção à minha vida! Para quem,como eu, pensou que era para durar, enganou-se!
Estou a falar como é evidente da Caravana! Quanto à nova direcção ainda não sei a morada! Ao que parece o pituca começou a ficar com comichões na testa e alguns suores frios. Pelos vistos a fenda não é só palatina, devendo estar um pouco mais alargada até ao cérebro.
Ora o rapaz deu numa de embirrar que tem ciúmes meus, preferindo que cada um tenha a sua casa. Faz todo o sentido! Poderia estar aqui a dar inúmeros argumentos a demonstrar o quão absurda é esta situação. Dizer que namoro com uma pessoa há 8 anos não o sossega, mas ter a namorada a gastar o dobro do dinheiro em rendas, a passar os dias sozinha a 250 km da família e sem ninguém para conversar já faz todo o sentido. Pelos vistos estar ao mesmo tempo numa sala ou numa cozinha é inadmissível para duas pessoas de sexos opostos. Ora como é óbvio eu não vou deixar de ir ao emprego e de estar na mesma sala sozinho com a Caravana, só porque o rapaz é um bocado retrógrado. Só posso dizer que se existisse vontade não era por viver em casas separadas que as coisas não aconteciam.
Como alguem muito sábio uma vez disse: "Os cães ladram e a Caravana, eu passo!"

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Veterinário do Estrangeiro (dierenarts in het buitenland)

Ora então viva!

Começo por dar os parabéns à quantidade enorme de "posts" aqui colocados pela bola-de-sebo e pelo tomates-descaídos. É agradável verificar que ambos trabalham exaustivamente.

Aqui vai o relato do meu primeiro dia de trabalho em terras de sua majestade (holandesa, entenda-se), com "cedilhas e tiles" à mistura...

Embora devesse chegar ao Porto de Roterdão às 9, atrasei-me e só lá consegui chegar às 9:03. Que vergonhão! Isto depois de ter andado 40 minutos no meio do mato, com "armas e bagagens" às costas, 1 grau positivo de temperatura, à procura da placa que dizia "Columbiastraat". Lá dei com o destino desejado...

Quem disse que todos os holandeses dominam a língua inglesa devia estar a apanhar uma tripe valente na coffeshop do Jakeem (é o Joaquim aqui da Holanda). Só o meu Orientador me percebe, e pouco mais... Por isso, aprender a comunicar-me nesta terra de doidos é imperativo. Ainda para mais quando descobri que vou começar a ler legislação holandesa (na sua língua materna) daqui a alguns dias... (vai ser bonito, ah pois vai!)

Se isto já não fosse suficientemente mau, o que dizer quando me destaco por ser o mais baixo no gabinete (incluíndo "mevrouws", que é como quem diz, "gajas")? Felizmente trabalha aqui uma italiana, que mede mais um centímetro que a nossa colega M.I.Caravana. Pensei que com esta fosse mais fácil a comunicação. Lá me conseguiu dizer que já vive aqui há 12 anos, que se esqueceu completamente da língua italiana (??!), e que me percebe mais ou menos porque teve uma namorada brasileira (sim, leram bem).
Tirando isso, a média de idades anda à volta dos 45, por isso encaixo que nem uma luva.
À tarde andei às turras com uns certificados marados da Indonésia, e quando a noite começou a cair (às 16:15) andava perdido nos arredores de Roterdão. Quando dei por mim, estava num bairro de chineses marados a vender qualquer coisa esquisita num espeto!

Como último reparo, gostava só de deixar postulado que vou estagiar todos os dias, das 8:30 às 17h, com meia-hora de almoço (a bela da sandocha), que é disfrutado enquanto se trabalha. São 40 horas semanais minha gente!, pelo menos. Onde anda a UGT quando precisamos dela?

domingo, janeiro 22, 2006

Uma sexta como qualquer outra...ou não!

Para quem não sabe o horário de um trabalhador da Ascal é das 9h-12h30 e das 14h-17h30. Claro que isto só se aplica a uma minoria de funcionários que dorme com o patrão.
Eu como AINDA não comecei a dormir com o patrão, não tenho essa sorte.
Aqui vai uma breve descrição da minha última sexta feira.
Ingenuamente estava a fazer contas de cabeça para ir para Lisboa ás 17h30.
Assim sendo às 8h da manhã estava no escritório. Parti para Almancil e 63 borregos pesados e registados mais tarde, lá fui eu para a segunda exploração do dia. No meio do registo e de pontuações atribuidas a ovelhas, aparece-me o primeiro caso clínico do dia. Passo a explicar: carneiro de cobrição com dois testiculos que quase tocavam no chão. Depois de muita volta o velhote lá confessou que tinha tentado tratar aquilo com umas injecções (nos testículos) de "Inomex" (que para o resto do mundo é o IVOMEC que como se sabe é um desparasitante).
Já eram vinte para as duas quando saímos para almoçar. Entramos no carro e bateria nicles, pois os mínimos tinham ficado acesos. Claro que nas redondezas não havia carros e então lá resolvemos desfazer o velho mito de que os carros a Diesel não pegam de empurrão. Basta empurrar meter uma segunda, pé a fundo na embraiagem, chave ligada sempre, e depois tirar o pé da embraiagem. Alguns solavancos mais tarde e já estava ligado.
Cheguei a Messines ás 2 e 20 e tive 10 minutos para comer uma sandes, a que eu chamei almoço.
Saida às 2h30 em direcção a Odiáxere para inseminar uma porca. Porca inseminada quando aparece mais trabalho. "Doutor, é preciso ir a Vale da Lama ver uma ovelha doente e às cinco tem de estar no Ramal da Mexilhoeira grande para ir selar uma carrinha e depois disso ainda tem de ir tirar um tronco cerebral a uma vaca que morreu".
Estava a ver a coisa mal parada. Primeiro achar o Sr. Guerreiro em Vale da Lama.Percorri a mesma estrada 4 vezes até achar o tal senhor. Estava parado à porta de casa e ainda foi preciso perguntar 3 vezes se era ele que tinha chamado, apesar do meu carro ter dois autocolantes gigantes na Porta a dizer ASCAL. Como já eram dez para as cinco resolvi ir direito ao assunto: Diga lá o que é que a ovelha tem?
"Na sei!"
"Mas o que é que há de errado com ela?" "Olhe na sei!" (Desta vez com mais calma, mas com vontade de lhe mandar umas bofetadas) "Diga lá então porque é que me chamou." "É que a ovelha não come."
Lá fomos ter ao cercado onde estavam as ovelhas todas.Como ele não tinha pressa resolveu juntá-las todas num barracão (coisa que já podia ter feito antes de eu chegar, ou melhor ainda, ter lá dentro só a ovelha doente). Entrei e pergunto qual é que era. No meio da confusão apontou para uma e agarrou-a. Fiz-lhe o exame físico e não tinha nada de excepcional. "Ela na comeu ontem" e diz a mulher dele "Comeu, comeu". " Na comeu nada", "comeu, comeu". Como não estava a ficar mais novo resolvi dar uma injecção de Indigest ao bicho e por-me a andar dali para fora pois já eram 17h15. Passo seguinte, ramal da mexilhoeira grande. Lá achei o sr. e fomos para a exploração dele. Como o gado era para sair do Algarve eu teria de preencher alguns papeis, após desinsectizar a viatura e os animais. No final era só selar o veículo, receber e ir embora.
Claro que nada é assim tão fácil. Pergunto "Tem aí a credêncial?" "EH pá esqueci-me, espere lá não se vá embora que eu vou tratar disso pelo telefone." A credêncial lá chegou ao escritório depois do vet do alentejo ter chegado de vir preencher o Euromilhões". Já eram quase seis e estava eu empoleirado feito macaco em cima da camioneta com um frasco de Bayofly numa mão e a agarrar-me à vida com a outra e a desinsectizar gado. Nisto toca o telefone, que mais tarde soube ser a minha mãe, que quando conseguiu falar comigo disse:"Nunca atendes o telefone".
Que jeito daria ter mais um par de mãos.
Acabado isto recebo um telefonema de salvação, já não era preciso ir tirar o tronco cerebral à vaca (já de noite).
Chegada ao escritório 208 km mais tarde e às 19h da noite.
Ainda fui tomar banho a casa comer qualquer coisa rápida e depois já só me esperavam 240 km pela frente para poder chegar a Lisboa...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Crónica de veterinário de campo...

Fui pai! Para desfazer rumores não teve nada a ver com o facto da minha namorada ter vindo cá passar este fim de semana.
Tem cerca de 4 kilos e é cabeludo. Vinha de rabo e estava um pouco relutante em sair. Tive de dar uma mãozinha (mais precisamente duas) e a criança lá se dignou a sair. As suas primeiras palavras foram: méééé. Sou um pai babado. Nada de confusões com bêbado, apesar de hoje já ter marchado mais um medronhozito. Quer um doutor? À sabe estou bem obrigado. Já vi que o doutor é macio. Eu vou buscar!
Como é que aqui o macio lhe podia explicar que o almoço comido em 15 minutos seguido de uma meia hora de condução feita pela Caravana (pior que a travessia de barco para as berlengas!), me tinha deixado um pouco indisposto!
A semana é sempre diferente, ora rotina a tirar sangue e a preencher papelada, ora a alegria de se estar a salvar um bicho, ora a frustração de se ter de abater outro por não se poder fazer mais nada por ele, ora a oportunidade de se ser psicólogo por alguns minutos e ouvir as histórias de vida complicadas das pessoas. É sempre diferente. Mas nada como ir tirar um tronco cerebral a uma vaca que morreu há três dias e que já está rija e inchada como tudo.Isto claro num pantanal imenso em que as galochas se afundam até ao tornozelo. No fim pergunto e água para lavar as mãos e as botas? Á isso tem de descer ali e ir até à barragem. Porreiro...
É chegar a casa e tomar o segundo banho do dia e depois tentar arranjar forças para fazer mais qualquer coisa.
Uma vantagem inquestionável da vida de veterinário de campo em relação ao funcionário público é aquilo que por vezes temos a sorte de admirar no caminho. Só digo que a vista da serra de Monchique é um espectáculo...

Carlitos se soubesse que estavas de partida esta semana, teria sem dúvida ido a Lisboa para tomar um café contigo e te dar um abraço de despedida. Fico à espera do convite para ir ver essas rotardonesas e para tomar um café aí contigo. Espero que tudo corra bem contigo e que a língua não te obrigue a regressar mais cedo que o previsto. Continua a escrever neste blog que pelos vistos se tornou propriedade exclusiva minha e tua.
Um abraço à distância mas nem por isso menos sentido.

VIVA A BANHEIRA!!!

Quero começar por pedir desculpa por este longo tempo de ausência do blog... Sei que já pareço a outra besta de coruche mas olhem, o que é que querem, não me apeteceu escrever...
Mas hoje não podia deixar de postar uma palavrinha de homenagem ao novel emigrante... Não sei se vais já estar a ler estas linhas no "istrangêro", mas seja como for, um grande abraço e diverte-te com as roterdonas... Se fores à banheira diz qualquer coisa...
E de repente, este blog vai voltar a servir os propósitos com que foi criado: o carlitos na holanda, o figueiras perdido no "enterior desquecido e ostracizado", eu a ter de dizer adeus aos malucos que me dizem bom dia de manhã...

Quase que me esquecia... No sábado, que ganhe a ABÓBORA (pelo menos a abóbora não insultaria os veterinários...)

domingo, janeiro 15, 2006

A RAZÃO PELA QUAL NÃO VOU VOTAR NESTAS ELEIÇÕES...

...é porque não me deixam.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, o estudante que se encontre a estudar no estrangeiro na altura de uma eleição, desde que se encontre num programa de intercâmbio, poderá votar antecipadamente. Caso contrário, nicles.
Trocando por miúdos: se estudas fora do país, e ainda arcas na totalidade com os custos desse mesmo estudo (pois normalmente os estudantes que vão num programa de intercâmbio - SOCRATES/ERASMUS, por ex. - ainda podem receber uma bolsa que os ajude a abater a conta no final do tempo de estudo), não és elegível para votar. Não fosses passear! Quem é que te manda ir pró estrangeiro, hã? Não encontravas melhor no teu país, ó meu emigra de 3ª categoria?


Clique para visualizar melhor esta troca de galhardetes...


Assim sendo, até gostava que ganhasse o Cavaco nestas eleições, e logo à primeira volta, para que os meus pais (coitaditos) não tivessem que se chatear a ter de ir votar duas vezes. Mas pensando melhor, se ganhasse o Soares, eu se calhar ainda vinha a tempo de votar outra vez nas presidenciais seguintes. Não quero com isto dizer que o Soares já só tem mais 6 meses de vida, mas que aquelas bochechas já estiveram mais roliças, estiveram sim senhor.

Bom, agora mais a sério...
quéquisto mintressa? Pouco. Relevante, só mesmo a afirmação de Teodoro Silva (pai deste senhor), que apesar de poder ser lida na edição n.º 671 da Revista VISÃO, passo agora a citar:

«É preciso ver que o meu filho é um catedrático.
Não é um veterinário qualquer!»

Que cada um tire as suas ilações. Pessoalmente, eu não atingi. Mas eu também não sou um catedrático qualquer.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Excitante, muito excitante...

Em 1999, o Professor de Histologia José Ferreira da Silva questionou, numa aula de laboratório, quantos de nós quereríamos seguir a vertente de Histopatologia. Assolados pela excitação dessa possibilidade, nenhum de nós levantou o braço (talvez devido ao excesso de adrenalina). O professor voltou à carga, mas a resposta que obteve foi a mesma. Nós, jovens estudantes, tínhamos já nessa altura, aspirações a algo mais... excitante!


O veterinário é um profissional pluridisciplinar, com aptidões que o tornam "a melhor escolha" para muitos cargos. Um desses cargos é o de funcionário público.

O Veterinário-Funcionário-Público também sai de casa todas as manhãs. Ao invés das galochas e fato-macaco, a experiência ensinou-o que um fato escuro e uma gravata cor-de-rosa fazem milagres junto do Secretariado.
Não restarão quaisquer dúvidas que, chegando ao local de trabalho, não se deparará com uma vaca caída, mas é frequente avistarem-se cabras sentadas.
A vaca na exploração, se assim o entender, alimentar-se-á de erva verde e viçosa. Na função pública, o único verde que se vislumbra é o pano-de-fundo do Solitário (por vezes, o Solitário Spider).

Chega a hora do almoço. O veterinário de campo, na sua atarefada vida diária, comerá quando tiver disponibilidade, talvez acompanhado do pessoal da exploração, saciando-se com pão caseiro, queijos tradicionais e fumados de alta qualidade, tudo acompanhado de um bom tinto para escorregar melhor.
O veterinário da função pública almoça ao 12:30. Nunca depois das 13. O subsídio de almoço é limitado, por isso na maioria das vezes, traz-se o farnel de casa, que é para sobrarem uns cobres ao fim do mês. Anuncia-se então bem alto que se está a almoçar no local de trabalho, para não haver contestação aquando da sua saída, hora e meia antes das 17h (para todos os que sofrem do "síndroma António Guterres", às 15:30). Apesar da hora e meia permitida para o almoço, quando esta estirpe de veterinário se desloca a um qualquer estabelecimento para desfrutar a sua refeição, retorna ao trabalho apenas, e apenas só depois de tomado o café (e eventualmente, o cigarro), o que pode facilmente ocorrer por volta das 16:30. Meia hora depois, pica-se o ponto.

O veterinário de campo chega a casa com o sentimento de função cumprida. Deixa o telemóvel ligado, em caso de emergências.
O veterinário-das-9-às-5 chega a casa sempre estafado. Não tem tempo para fazer o jantar, nem tão pouco preparar o dia de amanhã. Olha atenciosamente para o calendário, fazendo contas à vida (Quantos anos me faltam para a reforma? Quando é que posso meter férias? Amanhã não vou trabalhar!).

Onde anda a Histopatologia quando precisamos dela?

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Pois cá estou eu para mais um relatório semanal!
Não há hipótese, vou sair do Algarve um alcoolico. A malta por lá já diz que o doutor nunca quer nada. Passo a explicar o que é que é não querer nada: três shots de aguardente de medronho (para quem nunca provou equivale a engolir fogo misturado com malaguetas), um copázio de vinho tinto acompanhado por um chouriço caseiro (com grandes nacos de gordura) e pão. Convém talvez relembrar que o doutor não tem vesícula e se vê aflito para digerir gorduras.
Segunda feira começou com uma castração a um cavalito. Vai um shot de medronho para selar a coisa!
Terça e quarta andei a substituir um colega que teve um pequeno episódio cardíaco enquanto tentava dar uma porrada numa ovelha com um pau maior que ele. Trabalho muito engraçado pois deu para conhecer mais umas personagens. Que tal um tipo que agarra numa cabra para tirar sangue enquanto esta começa a mordiscar-lhe as mãos. Diz ele de boca cheia e que tal se mordiscasses antes o caralho! Ao que eu lhe disse: isso é capaz de lhe sair um bocadinho mais caro!
Na quarta houve jantarada lá em casa. Catita + Jorge (benfiquista ferrenho)+ José C. (o do coração) + Silvestre (Vet monhê de lentes de contacto verdes com mania de agradar a toda a gente). Corte e costura rematado por uma distribuição de prendas do Silvestre (a tentar ser simpático atirou tudo ao lado). Ao Jorge calhou-lhe uma cena do Sporting, às miúdas e a mim um porta chaves com uns peluches. Mais valia ter poupado o dinheiro e ter arranjado uma garrafinha de Moscatel.
Quinta e sexta sem novidades, tirando os restantes medronhos e companhia.
Queria ver como é que era se dissesse sim a tudo, andava bêbado o dia todo.