O mulherio holandês não é mau, mas quando me disseram que iria haver uma sueca na aula de neerlandês, derramei uma lágrima.
Chegada 3ª feira, só imaginava a calmeirona loira à minha frente. Escusado será dizer que fui enganado.
Em 1° lugar, "
geen suecas" (que é como quem diz, "
nada de calmeironas") ;
em 2° lugar, a classe de 5 alunos (uma suíça, um argentino, uma norte-americana, um sueco e o vosso já conhecido macho lusitano) transformou-se numa classe de 10, juntando-se à festa um mexicano, um italiano, uma turca e duas holandesas. E perguntam vocês: "
porque é que andam duas holandesas a aprender a falar neerlandês" ?
Não são umas holandesas quaisquer, mas sim umas belas moçoilas da comunidade iraniana de Roterdão, também conhecida como "
aquele maralhal de tez escura e monocelha". Infelizmente não pude confirmar esta última afirmação, visto que (
wait for it, waaaaait for it...) vieram as duas de burka vestida. Sim, é verdade!, só se lhes viam os olhinhos.
Eis que, no meio da lição, chegou aquela parte em que temos de nos apresentar à classe (em inglês, para que todos percebam), dizendo a nossa idade, o que fazemos na vida e, já agora, porque razão queremos aprender a falar a língua.
Cada um disse de sua justiça, até que chegou a vez da
Raziye (uma das "burkas"). Só que a rapariga (suponho que fosse uma rapariga) só sabia falar iraniano. A outra "burka" (
Yannae) sabia falar um pouco de turco, para além do iraniano, e felizmente a rapariga turca (
Nezaket) falava um pouco de inglês (
NOTA DE AUTOR: os nomes estavam escritos no quadro, o que justifica a precisão com que estão relatados neste post). Assistiu-se então a esta novela, em que a
Raziye dizia de sua justiça, a
Yannae traduzia para turco, e a
Nezaket traduzia para o resto da sala. Daí o título deste
post.
Ora a
Raziye tem 18 anos, tem como profissão cozinhar para a família e para o marido, e inscreveu-se no curso porque o marido lhe disse para o fazer (foi o que consegui retirar do seu discurso). No entanto, a
Yannae tem 17 anos, não tem profissão, mas custuma tomar conta dos filho
s da
Raziye, e veio aprender a falar neerlandês porque o marido da
Raziye (seu irmão) lhe disse para o fazer (não é permitido a estas mulheres irem sozinhas a estas coisas). O resto da classe estava boquiaberta a olhar para aqueles 4 olhinhos.
Por mais triste que seja, não haverão cenas do próximo capítulo, porque esta foi uma lição especial (bem podes dizê-lo novamente), e para a próxima vez seremos só os 5 do costume.
Uma coisa é certa: no final da aula, já nem me lembrava da sueca...